Selecionadas De Dentro de Mim
sábado, 12 de outubro de 2013
Semente de algodão
Semente de algodão
Meu pensamento
é como semente
de algodão...
Que lanço numa inspiração
Para que ele ganhe a imensidão...
E quem sabe
ele brote
novo e vistoso
em algum coração...
Anorkinda
.
Meu dengo
Meu dengo
Sorri demais quando te vi por aqui
encheu-me de paz, te sentir assim
apegadinho em mim, também a sorrir
Verti versos demais quando te conheci
inundou-me de amor, te ter assim
enroscadinho em mim, também a verter
Pedi mais horas ao dia e caí
na tentação de dizer sim
aos pedidos do coração
Vivi dias mais brandos e saí
da solidão de mim
você é a vívida petição
atendida assim, em dengo sem fim
Anorkinda
.
Ah o amor...
Ah o amor...
Não se sabe onde o amor nasce
pois por ser energia divina
ele flui na eternidade
sem fim ou começo
Não se sabe de onde o amor vem
pois por ser emanação divina
ele é fundamento do Ser
não vai nem vem, ele É
Mas se sabe porque o amor dói
pois por ser criação divina
ele pulsa no centro
sensível de nós
Mas não se sabe que o amor tem
sua própria vontade divina
ele é Senhor de Si
pobres de nós...
Anorkinda
.
Mergulho da Deusa Lua
Mergulho da Deusa Lua
Em águas banhadas pela lua, submergi
Envolta por elas muito aprendi
Das lições do amor desaguado
Nas friezas da solidão gelada
Em noite de lua cheia, emergi
Revestida de encantamento, sorri
Bálsamo em mim foi jorrado
Fé no amor enfim recuperada
Sinto a força da vida
Convertida em deusa esqueci
Da lágrima sofrida
Ergo uma prece ao firmamento
Invoco os poderes que adquiri
De divindade em renascimento
Anorkinda
Presença lilás
Presença lilás
Embevecida pelo claro reflexo
n'água mostrado, perplexo
Entorpeci-me de mim, convexo
Ensandecida num claro delírio
n'alma apaziguado, colírio
Embriaguei-me em mim, martírio
Entretida assim em puro enleio
Não vi tua chegada, esteio
Ignorei-te a cor e o vivo anseio
Enfurecida sem o lilás, suplício
Hoje choro o vazio, desperdício
Abdiquei-te, amor, por puro vício
Anorkinda
.
Planeta água
Planeta água
Envolvida nas águas
planetárias
abrangência de vida
Absorvi as essências
purificadas
manifestadas em vidas
Em minhas águas
libertárias
presença sobrevivida
Devolvo a fluência
das palavras
ceifadas ainda vívidas
Redimida às águas
benditas
sou pétala de vida!
Anorkinda
.
Em seu peito
Em seu peito
Sua oração serena
Em seu peito moreno
Um ardor de urtiga
Sua intuição morena
Em seu peito sereno
Uma dor antiga
Seu coração sereno
Em seu peito moreno
Um palpitar de estrela
Seu pulmão moreno
Em seu peito sereno
Um aspirar em tê-la
Anorkinda
.
domingo, 6 de outubro de 2013
Querido Veadinho
Querido veadinho
Diga-me, amiguinho da floresta
O que é que me espera?
Faça-me companhia hoje
Porque meu dia será de guerra
Passa-me tua quietude
e teus olhos ternos
Para que minhas batalhas
Tenham resultados eternos
Ensina-me o dom da atenção
Para que eu mesma me proteja
Nesta vida fora de minha casa
Vida esta semeada de pelejas
Fica comigo nesta noite fria
Empresta-me teu pelo
Teu calor animal que dá força
Contra o mal e me permite combatê-lo
Anorkinda
.
Perdi
Perdi
Consideradas derrotas, vivi
pois teimei e não compreendi
a vitória sobre os demais
O maior mal eu fiz,
pois, infeliz,
amei demais
Amei aos Homens,
meus semelhantes
e ao mundo, não consegui
dizer que venci
Anorkinda
.
Faces espelhadas
Faces espelhadas
São meus sentidos que me enganam
Parece que percebo alguém que sou eu
Mas meu reflexo espelhado diz
que a verdade transparece pelos poros
Em minha face não me vejo
pois o que levo dentro não transmito
De mim mesma me omito
meus sentidos me enganam
minha visão é embaçada, miopia sem fim
Meu tato nem chega perto de sentir
aquilo que verdadeiramente eu sou
pois não estou terminada
Sou obra inacabada de mim mesma
e nem mil espelhos reproduziriam
a luz fragmentada que rebate em mim
e engana cada um dos meus sentidos
Anorkinda
.
Vontade...
Vontade...
Vontade de escrever um poema de amor
mas amor de quem resplandece por inteiro
amor do enlevo que faz flutuar com o cheiro
que ficar no ar, perfumando até o sabor
Vontade de viver um amor de poema
mas poema deslumbrante de vida nova
poema testemunho do amor que se prova
que delicia no olhar, de ler sem esquema
Quero amor leve e de letras móveis
um amor desatinado de surpresa
sem fôlego para paixões solúveis
Quero amor sem razão e cobrança
o amor que põe na mesa
as incoerências desta contradança
Anorkinda
.
Águas mansas
ÁGUAS MANSAS
Pareço um lago de águas mansas
O que só eu conheço
são minhas profundezas
repletas pelo meu apreço
Submeti ao fundo deste aparente
lago, o que eu amo:
o bom-humor irreverente
e a animação sem dano
Isso faz de minhas águas mansas
um espelho refletor:
quem a mim alcança
vê a si próprio em esplendor!
Anorkinda
.
Ruborizando rimas
Ruborizando rimas
O poema defasado
não esquece do passado
E teima silabado
Rimas ricas e esnobes
Riem amarelo aos pobres
E julgam-se nobres
Escondo meu teclado
No virtual livro digitado
E provoco o inusitado
Simulo um soneto
Em verso discreto
E chamo um dueto
Assopro as rimas
Com bobas pantomimas
E maculo as obras-primas
O poema cansado
com o olho arregalado
E em transe assustado
Vê a rima desmaiada
Em face ruborizada
E de todo, desacreditada
Anorkinda
.
Às vezes devaneio
Às vezes devaneio
Às vezes avisto
um piscar
uma luz intermitente
é a sorte a sorrir
em céu azul-escuro
Às vezes insisto
por prazer
por satisfazer o impulso
de devanear e sorrir
em noite de delírio puro
Às vezes dá nisto
de sonhar
de profetizar o improvável
dos homens sem sorrisos
nem coragem de descer do muro
Às vezes é preciso
um piscar
uma luz insistente
para arrancar sorrisos
da boca sisuda do obscuro
Anorkinda
.
Dias de chuva
DIAS DE CHUVA
No dia de chuva
Há uma luz diferente.
é um dia sombrio
Pois o sol não está presente.
No dia de chuva
Há um cheiro diferente.
É um dia úmido
Pois o calor está ausente.
No dia de chuva
Há um ânimo diferente.
É um dia calmo
Pois a paz está na gente.
Anorkinda
.
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