quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Eu, água


Eu, água

O luar me oferta pérolas-luz
quando o brilho-pingo-d'água
me adorna o límpido viver

O curso do rio, trilho de luz
me forma, ser-sereia-d'água
num livre transcorrer

A pedra do percurso reluz
lapidada em diamante-d'água
num profundo merecer

A vida intensa me seduz
quando o doce leito-d'água
me conforma em mavioso-ser

Anorkinda

.

Borbulha de rio



BORBULHA DE RIO

Tua imagem condensa-me as manias
Teu reflexo é como esta água fria
Parece tocável, mas é fugidia...

Tua distância apronta-me desvarios
Meu pulsar é como o movimento
Deste toque no firmamento...

Tua ausência desvia-me os pensamentos
Meu anestésico sentimento
Seria teu toque-agradecimento

Tua existência provoca-me arrepios
Teu amor sempre arredio
Parece real, mas é borbulha de rio...

Anorkinda

.

Horinha feliz


Horinha feliz

Às vezes a maresia
sussurra inverdades,
brincadeiras de Tritão...

Nessas horas eu sorrio
e libero as infelicidades...

Elas brincam nas marolas,
ganhando novos tons
na licenciosidade.

E eu, com minhas demoras,
minimizo seus frissons.

Anorkinda


.


Sutilmente


Sutilmente

Teu leve pisar
assemelha-se
a um sussurro
de querubim

Teu sutil arfar
me faz lembrar
de um colibri
a voar

Teu suave ser
arrebata-me
a transcender

Teu manso amor
me faz depor
 os medos

Anorkinda

.


Eu, Sereia


Eu, Sereia

Meio ser peixe
parte água doce
sereia de rio
líquidos amores

Meio ser mulher
parte terra firme
esteio de vida
sólidos temores

Me jogo a nadar
parte fluida de rio
absorvo o doce
das águas amores

Me prendo a sonhar
parte sólida da vida
ancoro no firme
porto dos temores

Anorkinda

.

Eu, espelho


Eu, espelho

Espelho em meu reflexo
os cortes do caminho
espinhentas trilhas
ferimentos daninhos

Espelho em meu sexo
as fêmeas intenções
humores excêntricos
fissuras e incisões

Espelho em minha viagem
os vermelhos-sangue
líquidos desagues
vertentes exangues

Espelho em minha imagem
as mágoas do percurso
ardilosas veredas
rios fora dos cursos

No fundo, me espelho em mim...

Anorkinda

.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Oração Poética


(GRACIELA BELLO)

Oração poética

Que a esperança
continue a deslizar...
Suavemente poesia.

Que a alegria
acompanhe a segurar-se
firmemente durante a dança...
Equilíbrios de criança.

Que a inocência
continue a piscar...
Brilhantemente poesia.

Que a fantasia
acompanhe a recriar-se
constantemente em fluência...
Corajosa assistência.

Anorkinda


.

A poesia em sua vida


A POESIA EM SUA VIDA

Pode não perceberes
mas a poesia está
em sua vida

De maneira vívida
a poesia encanta
no raio de sol

Ou no brilho do luar
a poesia dança
no vento

Pode não conheceres
a métrica poética
eu também não

Mas de forma atrevida
a poesia adentra
o ritmo da chuva

Ou a cadência do peito
apaixonado, poética
de todo amor

Pode não admitires
mas a poesia já
te encantou

De maneira positiva
quando, poesia
em flor, tu chorou

Ou sorriu à criança
perfeito poema
inocente de Deus

Anorkinda

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Ao explicar-me


AO EXPLICAR-ME

A rotina dos meus devaneios...
O dia-a-dia dos meus anseios
transparecem em poesia
que de mim brota, sadia

A fantasia em que adormeço...
O vigor novo em que amanheço
esclarecem meu dom
sem medida ou tom

A materialidade me aniquilaria
num mundo caótico sem harmonia
Sem o devaneio e a fantasia
meus dias cairiam em agonia

A espiritualidade se comprova
num mundo que sempre se renova
A rotina de amanhecer nova
todo dia, me põe sempre à prova

Muito já bati em mesma tecla
e em racionalidade que disseca
a realidade íntima bateu mais forte
e me rendi a minha própria sorte:

De ser poetisa e revolucionária
Sem armas ou brados, libertária!
Mostrando em exemplo vivo
a felicidade de não estar-se cativo!

Anorkinda

.


Ao explicar-me ll (Duas em uma)




AO EXPLICAR-ME ll (DUAS EM UMA)

Na vivência de não ser cativa
das razões nem das soluções
fáceis ou mesquinhas

Abri a consciência em ativa
tendência a não ter preconceitos
nem ideias amarradas

E meu lado místico desabrochou
na rosa das emoções
férteis e intuitivas

Aceitei o que se mostrou
pungente em perfeitos
sinais abençoados

E na cadência das experiências
internas e demonstrações
da grandeza da infância

Segui acarinhando a criança
minha em satisfeitos
folguedos e espontaneidade

Assi, meu versejar dança
em pueris evoluções
no ritmo do prazer de viver!

Anorkinda

.


Necrológios


Necrológios

Junto-me ao poeta
de minha terra
em Quintanares

A maldizer
dos relógios
abjetos necrológios

Junto-me à natureza
e sua grande beleza
em terras e mares

A desprezar
o ponteiro das horas
marcador de demoras

Junto-me aos anjos
e todos arcanjos
em louvores

A marcar
meus passos
no compasso

contínuo das esferas!

Anorkinda


.

(Dis)sonante


(DIS)SONANTE

O verso quando canta o poeta
seduz pela força do olhar
olhar poético dissonante

O verso quando beija o poeta
seduz pelo acre da língua
língua poética sonante

O verso quando toca o poeta
seduz pelo arrepio da pele
pele poética dissonante

O verso quando fala ao poeta
seduz pela força da palavra
palavra poética sonante

Anorkinda

.

domingo, 25 de agosto de 2013

O amor no poema



O AMOR NO POEMA

Livres linhas nos transtornam
os desejos, nos arrebatam
às diversas dimensões

Suaves rimas nos abordam
os solfejos, nos abatem
às ordens das sofreguidões

Raros versos nos transportam
os beijos, nos desatam
os nós das solidões

Voos poéticos nos acordam
os ensejos, nos vertem
os dias em inspirações

Anorkinda

.

Das fontes e das flores



Das fontes e flores

As fontes nos falam de nossos amores
sua voz, leve e límpida, sem dúvidas
nos traz a paz em melodias divinas

Nos misturamos aos ramos e flores
somos um nesta brandura, sem rusgas
numa comunhão extasiada e infinita

As íris nossas ajustam suas cores
neste íntimo contato, sem torturas
nos mostram as naturezas mais bonitas

Nos provamos em néctares e sabores
estamos embriagados, sem culpas
numa volúpia deliciosa e repentina

Anorkinda

.

Ato de amor e felicidade


Ato de amor e  felicidade

A felicidade que escorre do olho
líquida e transparente, salgada
percorre a face, encontra a língua
tua, que entre dentes, a resgata

Misturam-se as felicidades nossas
nas salivas e lábios, sôfregos
reciprocidade de desejos e beijos
teus, que arrepiam, os poros todos

A felicidade que brilha nos instantes
nossos, transes de grande amor,
trilha as veredas mais estimuladas

Mistura-se em humores nos centros
nossos, de prazeres completos,
sensores sutis, exaltam-na, por fim

Anorkinda


.

O serenar da noite


O serenar da noite

O úmido sentido

s equestra palavras
e nquanto é possível
r eina um desconforto
e stremecido e incontido
n oite de emoções escravas
a meaça o coração sensível
r eina o soberano medo, absorto

d egusto o sereno
a roçar os lábios

n ão suporto o vazio
o rnamento do Nada
i nvoco o poder dos sábios
t estemunho um sibilar macio
e sgueira-se a salvação em luar de prata!

Anorkinda

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Brinquedo


BRINQUEDO

B ons divertimentos
R iem comigo
I lusões que crio
N ão altero quase nada
Q uero sempre
U m trocado de emoções
E m resultado
D e simples equações
O nde recrio a matemática

Anorkinda

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O olhar infantil


O OLHAR INFANTIL

O lhos que se perdem no crescer
L evam a vida à ponta de faca.
H armonia torna-se quimera do passado.
A s cotidianas mediocridades
R eduzem o olhar à pequenezas...

I nfância tão sábia no olhar...
N ão pode ser esquecida!
Faz ela, de nossas mesmices
A lgo tão cinzento e sem nexo.
N ão desprezemos seu fluido
T ão inocente e grandioso!
I nfantis divagações e soluções,
L evemos a sério, sejamos mais leves...

Anorkinda

.

sábado, 24 de agosto de 2013

Jamais desafine!


JAMAIS DESAFINE! 

J unte duas ou mais notas
A quelas que tocam teu coração
M isture a elas palavras doces
A s mais doces que achar
I nteligentes também
S erão temperos especiais

D oe esta mistura aos amigos
E spere que o resultado amanheça
S ossegado, sem pressa
A comode-se a um canto
F inja estar absorto em sonhos
I nicie um dueto com as almas
N uas que dançam sua canção
E eternize assim, sua passagem por aqui!

Anorkinda


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Abra os olhos


ABRA OS OLHOS

A lcance assim uma visão
B acana da vida que recebestes
R ia dos absurdos que te impusestes
A brace árvores, cães e teu irmão

O ntem havia névoas
S obre teu olhar

O s pensamentos sem noção
L oucos e desvairados
H oje recebem atenção
O s temperos dosados
S ubstituem velhos venenos de tradição

Anorkinda

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Longe de mim



Longe de mim

Por vezes me desencontro e vago
Em trilhas escuras e espinhentas
Me machuco e tropeço e engasgo
Um grito que soluça letras lentas

Sem equilíbrio e sem me achar
Procuro-me mas neste caminho
Errado e sem luz fico sem ar
Na ferida recente, um veneno daninho

Ficar longe de mim, é perigo
É armadilha barulhenta
Burburinho que grita castigo

Encontrar-me é objetivo
É saída que eu, sedenta
Alcanço como curativo

Anorkinda

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Quando estou em pedaços


Quando estou em pedaços

Pedaços de mim
por vezes perdem-se
em reminiscências

Por vezes sem fim
descuido-me e
creio em coincidências

Mas alerto enfim
e recolho o que espalhei
em displicência

Anorkinda

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Incertezas



INCERTEZAS

I nconfundivelmente,
N a mirada do teu olhar
C laramente verde,
E stive a brilhar.
R uiu-se algo entre nós...
T eus disfarces, hoje,
E scondem-me de ti.
Z unem dissabores,
A rrastando-nos...
S em explicações possíveis.

Anorkinda

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Dificil pensar quando...


Difícil pensar quando...

Se está perturbado
Quando cansado ficas

Difícil falar quando...

Se está sem palavras
Quando dá aquele branco

Difícil poetar quando...

Se está procurando
Quando desnorteado corres

Difícil pensar quando...

Se está em dores
Quando sobra maus-humores

Anorkinda

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Mar de amor


Mar de amor

De repente descobri
teu verde olhar
sob pálpebras
genuínas

Vertente do mar
teu imenso amar

De repente percebi
teu dourado ser
sob sombras
de luar

Reluzente de amar
teu abençoado mar

De repente convenci
teu rubro rubor
sob tecidos 
macios

A eternamente em mar
de versos me amar

Anorkinda

.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Frieza



FRIEZA

Sem contato com emoções quentes
calorosas, amorosas ou ardentes
vive o homem triste que não sabe
da tristeza que existe em si

Sem agrado ou carinho que alimente
as veias do amor, verdadeiramente
vive a pessoa solitária que não sabe
da solidão que reina em si

A frieza, ainda que o céu interior desabe
em agonia pelo reconhecimento da alegria,
perdura na rotina e monotonia

A crueza, ainda que qualquer relação desabe
em tirania de gestos de pobre monocronia,
sutura o coração em fios de apatia

Anorkinda


.

.


Teimosia



Teimosia

O teu perfume, perfuma-me ainda
a alma conectada a tua

O teu sabor, saboreio ainda
em delírio, noite de lua

O teu toque, toca-me ainda
a pele arrepiada e nua

O teu lábio, beijo ainda
em teimosia de ser tua

Anorkinda

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terça-feira, 20 de agosto de 2013

A quem se responde?


A QUEM SE RESPONDE?

A quem se destinam as respostas prontas 
ou mesmo aquelas previamente digeridas?
A quem enganamos a cada frase imposta
e em toda sílaba vazia facilmente proferida?

A quem se responde com graça e leveza
as hipocrisias mais burras e fingidas?
A quem provocamos quando à mesa
as intenções são claras e desinibidas?

A quem se priorizam as definições
e os arremedos de boa-vida?
A quem importam as razões
se abrimos a ferida?

Anorkinda

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Semear-se


Semear-se

Depois que se arregaça as mangas
e se age, desafiando tempestades,
a visão da vida, muda e os medos
são desterrados, destinos desertos

Depois que se joga todos os dados
e se arrisca à sorte e ao clima,
a lembrança faz questão de banir
os conselhos insossos da covardia

Depois de mergulhar e tomar gosto
pela água límpida da vida real
se esquece do sabor amargo do não

Depois de realizar e sentir a força
pessoal de ser o criador principal
de si mesmo, nada mais detém o grão

Anorkinda


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Minguante


Minguante

Depois da trajetória lua
pelos dias, rotatória
Depois de exibir-se cheia
num longo expandir-se

Observo seu movimento revés
maior é meu deslumbramento
Observo sua silhueta reduzir
cumprindo com a etiqueta

De esconder-se acanhadamente
após tamanha exposição
Estabeleço uma comparação:

Se depois de meu deleite mágico
precisarei em submissão
minguar-me de insatisfação?

Anorkinda


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Redescoberta


Redescoberta

Descobriu-se
depois
de um tempo
longo.
Redefiniu-se
após
uma jornada
longa.
Denunciou-se
antes
que o tempo
cobrasse.
Relembrou-se
avulsa
em cada
impasse.

Anorkinda

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Silêncios de veludo



Silêncios de veludo

Onde podia ter sentido
o fragor dos ventos
ouviu-se apenas
o silêncio
dos olhos
molhados


Onde podia ter carinho
o calor dos abraços
sentiu-se apenas
o silêncio
do braço
gelado


Onde podia ter vertido
o amor dos tempos
ouviu-se apenas
o silêncio
do verso
alugado


Onde podia ter vinho
o licor dos gostos
sentiu-se apenas
o silêncio
dos labios
crispados

Anorkinda

.


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Espírito da Árvore


Espírito da árvore

Dríade que me abraça
me espera em dia nebuloso
me acalma em dia tormentoso
me anima em horas insidiosas

Espírito que me protege
me ama sem pedir nada
me doa sem querer nada
me vem sem que eu perceba

Árvores que me aninham
me comovem em emoções
me buscam em sensações
me falam em folhas-canções

Anorkinda

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O voo das lembranças



O Voo das lembranças

A aura era lilás
o lilás dos mistérios...
E de repente me vi
abrindo um baú interior...

A primeira lembrança
que voou faceira,
foi de meu vestido
de bolinhas...
De uma fase vaidosa.

Junto a ele estava
a caixinha branca
de bijouterias...
Com gaveta e figurinha.

Depois vieram lágrimas
a querer expurgar
dores passageiras...
Daquelas que criança
verte sem querer.

A cachorrinha Lolita
veio, meiga, ladrar
com saudade do tempo
em que era filhote...
Muito dengo recebia.

Junto dela os canários
Espoleta e Camões
cantaram alto...
Como nas tardes febris.

Minha vó passando roupa
e meus desenhos a giz
espalhados sobre a mesa...
Rabiscos de doce sabor.

Foram os flashs mais vivos
que voejaram a minha frente...
Fechei depressa esta fonte
inesgotável de saudades...

Anorkinda

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Sutilmente


Sutilmente

Teu leve pisar
assemelha-se
a um sussurro
de querubim

Teu sutil arfar
me faz lembrar
de um colibri
a voar

Teu suave ser
arrebata-me
a transcender

Teu manso amor
me faz depor
 os medos

Anorkinda

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Resgata-me com teu raro beijo...


Resgata-me com teu raro beijo...

Coloque em mim o sopro da tua vida
Enlace em mim o fio de tua trilha

Enleva-me a teus delírios doces
Conduza-me a teus timbres sutis

Afogue em mim a dor de tua vida
Libera em mim a pista de tua trilha

Alivie-me em teus tons doces
Livra-me em teus olhos sutis

Ah...resgata-me com teu raro beijo...

Anorkinda

..

Quando um poeta morre



Quando um poeta morre


Veste a prata da lua
e flutua...
O verso o acompanha
num voo unido
seu amigo...

Despe o manto do sol
no arrebol...
Das luzes ele ganha
um olhar colorido
seu arrimo...

Ouve-se uma sonata
que arrebata...
O cântico o transporta
num alívio
um silvo...

Entoa-se a  cantata
mais exata...
Das vozes ele importa
um ar lírico
num suspiro...

Anorkinda

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Seu Norte


Seu norte

Ele vinha com o coração à mostra
Não importava-se com tempo feio
nem mesmo caras feias ou feridas
Ele vinha sempre de peito aberto

Ele tinha um amor verdadeiro
Não importava-se com os raios
nem mesmo trovoadas ou apagões
Ele tinha muito a se oferecer

Não convinha derramar-se
tal qual chuva forte
ao sabor da má sorte

Ele detinha o poder maior
do que qualquer morte
Ele era seu próprio norte

Anorkinda

.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O mar da Mar


O MAR DA MAR

Ele bate e volta
no peito brando
dela...

Ele vai e volta
emoção forte
dela...

Ele inunda
e o sal
vira lágrima
nela...

Ele arrebata
e a espuma
vira carícia
nela...

Mar de amar
por ela...

Mar, areia
e ela...

Anorkinda
(para Marcia Poesia de Sá)

.


Amor como o mar


Amor como o mar

Movimento das ondas
ora me afasta
da areia

Ora me traz
navegando
espumas

Distraídos
à beira-mar

Entregamo-nos
ao recuo

Esquecidos de amar

Anorkinda

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Sonhar e brincar



SONHAR E BRINCAR

Anjos dormem no mar
ondas de alma doce
embalam a vida a sonhar

Anjos brincam no mar
ondas em salgado brinquedo
arriscam o navegar

É quando nem a lua alumia

o folguedo brusco do mar!

Anorkinda

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A rosa manhosa da rima



A Rosa manhosa da rima

Mesmo possuindo a cor mais charmosa
e toda a poesia a seus pés
a Rosa era atrevida e manhosa

Vivia sorrindo, sedução à flora
corrompia os versos mais fiéis
a Rosa era da rima, a Senhora

Mesmo saindo de braço dado
com o verbete, amigo de fé
a Rosa era de um arrojo danado

Vivia caindo no erro inocente
de perfumar seus papéis
a Rosa era sabida mas incoerente

Mesmo sabendo o quanto era majestosa
confundia a rima do quebrado pé
a Rosa era demasiado teimosa

Vivia recebendo muitos e bons conselhos
da inspiração, moradora dos vergéis
a Rosa era carente de espelhos

Mesmo parindo poemas profundos
de iluminar em luz e fé
a Rosa era musa dos giramundos

Anorkinda

.


Minha rosa rosa


MINHA ROSA ROSA

Teu perfume é o que me encanta
quando deliciosamente, olfativa
te inseres em minhas entranhas
com toda suavidade e me cativa

Tua seda-pétala é o que me abranda
quando vertiginosamente, incendeio
me proporcionas calma às manhas
de meu ser em ebulição e devaneio

Minha rosa, na cor rosa do amor
sublime amor-flor, implanta
meiguice à sedução em ardor

Rosa rosa, minha bela flor
redime o coração, demanda
doçura à toda vida sem cor

Anorkinda

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Meu Clemente


"e cada verso meu, será pra te dizer que eu sei que vou te amar, por toda a minha vida" 

Vinicius de Moraes



Meu Clemente

e soaram as notas do tempo
cada uma com um recado
verso ritmado pelo vento...
meu coração ouviu,
será real ou alucinação?
pra ter você além da música,
te provar em fascinação,
dizer a palavra mais rica
que te abra os sorrisos,
eu criarei o dia perfeito...
sei das sutis influências
que a eternidade inseriu...
vou pisando as cadências,
te amando do melhor jeito...
amar em verso e prosa
por sonetos e indrisos,
toda poesia livre e a rosa...
a rosa manhosa da rima,
minha parceira e confidente,
vida poética dedicada a ti, meu Clemente

Anorkinda

.

Examina-te


Examina-te

Examina-te
na palavra mal proferida
na visão distorcida

Examina-te
na sombra do mal
na escuridão total

Examina-te
na alheia rispidez
na falta de polidez

Examina-te
principalmente
sempre que a mente

teimar em olhar externamente

Anorkinda

.


Fonte de inspiração na ponta da lua cheia


Fonte de inspiração na ponta da lua cheia

Fico por vezes a buscar-te, inspiração
Chamo-te em noite de lua cheia
Lá estás, divertida, a saltitar

Dizes que não te tolhas a diversão
E danças com as estrelas
Fugáz, leve a brilhar

Fico a observar-te, louca inspiração
Amo-te em lua minguante
quando te aquietas

Pedes que não te retires a solidão
E desenhas pequenas estrelas
tenaz, paciente a bordar

Fico mais encantada ainda, inspiração
Respeito tua liberdade
livre musa do versar

Espalhas pelo ar tua celeste produção
E dá-me tua formosa mão
Acompanhando a rima dos poetas

Anorkinda

.

Em rosas da lua


Em rosas da lua

Em Marte a amar-te
por Vênus, entregar-me
Nos anéis, aventurar-me
Em Saturno a buscar-te

Em Mercúrio a queimar-me
por Urano, acarinhar-te
Nos satélites, aninhar-te
Em rosas da lua a brotar-me

Anorkinda


.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Das rosas


Das rosas

Do livro de fotos
de rosas que eu folheava,
meus olhos eram devotos.

Muitas cores
e exuberâncias, extasiava!

Como podia ser
que a própria planta,
sua saia bonita costurava?

Do canteiro de rosas
cor-de-rosa que eu visitava,
suas florescências eram primorosas.

Muitas poses
e elegâncias, se mostrava!

Por que será
que, na garganta,
minha voz embargava?

Anorkinda

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Na asa da borboleta


Na asa da borboleta

Há um mistério 
na asa da borboleta
Há códigos secretos
de uma missão espiã

Agente do etéreo
a borboleta, na asa
carrega o mistério
e não há melhor

tradutor do que
um espírito puro
a procura do amor

Anorkinda

.

Amor coragem


Amor coragem

Pra esconder-se em si mesmo
há muitas maneiras, covardes
pra testemunhar a vida
e nunca dela participar
há várias desculpas

Mas pra amar de verdade
há apenas uma maneira
pra amar plenamente
e nunca do amor fugir
há dentro do peito
a coragem de seguir

Anorkinda

.